Dólar e deficit do governo alimentam inflação, diz BC; veja, com tradução, os 7 trechos essenciais da mensagem



POR DINHEIRO PÚBLICO & CIA


O Banco Central divulgou uma ata de 32 parágrafos para explicar por que elevou sua taxa de juros de em 11% para 11,25% ao ano e quais são suas intenções daqui para a frente.

A medida surpreendeu o mercado após as eleições, e a mensagem pode ser resumida em sete trechos essenciais, reproduzidos abaixo com a devida  tradução do idioma do BC.

“O Copom decidiu elevar a taxa Selic para 11,25% a.a., sem viés, por cinco votos a favor e três votos pela manutenção da taxa Selic em 11,00% a.a.”

Tradução – “O Comitê de Política Monetária, formado pela cúpula do BC, decidiu rachado: três diretores queriam manter os juros onde estavam.”

Nota – A taxa não subia desde fevereiro, e a última decisão sem unanimidade havia sido em abril do ano passado.

“O fato de a inflação atualmente se encontrar em patamares elevados reflete, em parte, a ocorrência de dois importantes processos de ajustes de preços relativos na economia -realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres.

O Copom considera que, desde sua última reunião, entre outros fatores, aintensificação dos supracitados ajustes de preços relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável.”

Tradução – “As tarifas públicas e, principalmente, o dólar estão subindo, pressionando a inflação. Por isso, é melhor começar já a subir os juros preventivamente, em vez de correr o risco de uma alta maior no futuro.

Nota – Até a ata de setembro, o BC repetia que a permanência dos juros seria suficiente para, a partir de 2016, levar a inflação de volta à meta de 4,5% ao ano. De lá para cá, além do encerramento do período eleitoral, houve uma alta do dólar de R$ 2,23 para a casa dos R$ 2,50.

“A projeção para a inflação de 2014 elevou-se em relação ao valor considerado na reunião anterior e permanece acima da meta de 4,5%.”

Tradução – “A inflação projetada para o ano está perigosamente próxima do teto legal de 6,5%.”

Nota – A inflação está acima da meta desde 2010, e as estimativas do mercado estão em torno de 6,45% para 2014.

“Não obstante identificar evidências de estímulos fiscais na composição da demanda agregada este ano, na visão do Comitê, no horizonte relevante para a política monetária, o balanço do setor público tende a se deslocar para a zona de neutralidade.”

Tradução – “O rombo nas contas do governo elevou a inflação, mas o BC mantém a esperança de que o governo faça um ajuste fiscal no futuro.”

Nota – O BC admitiu um pouco mais claramente que a escalada dos gastos públicos neste ano eleitoral impulsionou o consumo e alimentou a inflação.

“Não obstante a concessão, neste ano, de reajuste para o salário mínimo não tão expressivo quanto em anos anteriores, bem como a ocorrência nos últimos trimestres de variações reais de salários mais condizentes com as estimativas de ganhos de produtividade do trabalho, o Comitê avalia que a dinâmica salarial ainda permanece originando pressões inflacionárias de custos.”

Tradução – “O mercado de trabalho ainda precisa piorar mais para que a inflação baixe.”

Nota – Na campanha reeleitoral, a presidente Dilma Rousseff renegou a ideia de combater a inflação com aumento do desemprego.

“Em momentos como o atual, a política monetária deve se manterespecialmente vigilante”

Tradução – “Estamos novamente preocupados com a inflação.”

Nota – A palavra “especialmente” entra e sai deste trecho das atas do Copom. Ela não constava da ata de setembro.

Fonte: Dinheiro Público/ UOL

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