Empresas brasileiras aderem à coalizão do clima

 

Por Robson Sales

A pouco menos de quatro meses para a COP 21, em Paris, um grupo de empresários brasileiros planeja avançar sobre questões ambientais, como a precificação de carbono, e ter voz mais ativa nas políticas de combate ao aquecimento global.

Pelo menos quatro empresas nacionais ­ Braskem, CPFL Energia, Duratex e Visão Sustentável ­ já aderiram à coalizão internacional We Mean Business, que reúne 146 companhias e 106 investidores para alertar os empresários sobre a importância no combate às mudanças climáticas, estimular a ação sustentável e abrir espaço para que empresas influenciem no processo de negociação dessas políticas. “Se a empresa participa desse processo, pode influir para ver o melhor momento de mudança”, disse a presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi, que lidera o We Mean Business no Brasil. “Que essa virada vai acontecer ninguém tem dúvida, a questão é quando.

Se você tem um engajamento empresarial, você pode fazer essa mudança muito mais amigável com a realidade do negócio.” Hoje, em um evento organizado pelo Instituto Ethos, com a presença do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, uma carta de intenções será apresentada aos empresários. Será o primeiro de uma série de pelo menos quatro eventos corporativos em que o CEBDS tentará atrair mais empresários para a coalizão antes da COP 21.

A principal preocupação das companhias, segundo Marina, é o impacto que uma possível taxação da emissão de carbono possa ter. “As empresas estão mais engajadas para as negociações climáticas, muito mais articuladas e com voz ativa dentro desse processo”, avalia a presidente do CEBDS. O We Mean Business surgiu no fim do ano passado com o objetivo de unificar o discurso empresarial sobre as mudanças climáticas. O diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem defende a precificação de carbono, que serviria como uma taxação à emissão de gases­ estufa.

Jorge Soto, porém, acredita que o papel das empresas é apenas auxiliar os governos e não tomar a iniciativa das negociações internacionais. “Esses movimentos surgem da clareza de que a sustentabilidade ou as questões climáticas nunca serão resolvidas por um agente só: todo mundo tem que estar junto e sentar para conversar”, cobrou Soto. Muitas empresas já vinham estabelecendo ações sustentáveis na produção e começam a tentar antecipar regulamentações para sair na frente da concorrência.

O We Mean Business foi criado para acelerar as ações propostas pelas empresas e unificar discursos para atrair mais empresas. “Há algumas agendas que podem e devem ser comuns, porque assim conseguimos dar mais força. As ações separadamente já teriam força, mas juntas têm mais”, diz o gerente de sustentabilidade da CPFL Energia, Carlo Linkevieius Pereira.

A Duratex, produtora de painéis de madeira pisos e louças, já havia estabelecido iniciativas de redução de carbono em 2007 e conseguiu reduzir as emissões diretas em 45% no ano passado. O gerente de sustentabilidade da Duratex, João Redondo, não acredita que a crise econômica irá dificultar a mudança da matriz energética: “Se por um lado há o encarecimento da energia por causa do clima, por outro esse alto custo viabiliza os projetos novos de energia”. (RS)

Fonte: Valor

 

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