Governo anuncia licitação para acabar com gargalo no acesso a Santos

O governo lançará até junho a licitação do projeto executivo de um conjunto viário que promete eliminar o cruzamento rodoferroviário no acesso ao porto de Santos (SP). O conflito entre caminhão e trem é considerado hoje um dos maiores gargalos para a expansão do porto, o maior do país, com 97 milhões de toneladas em 2011. A obra prevê a construção de dois viadutos sobre a linha férrea no chamado “retão da Alemoa”, separando os dois tipos de tráfegos. O projeto executivo terá valor aproximado de R$ 7 milhões. A obra será feita em duas fases, num total de 3,5 km. A primeira etapa será a construção do trecho de saída do “retão”, com estimativa de conclusão em meados de 2014, quando, então, terão início as intervenções para construção da entrada ao “retão”. O novo conjunto integra o projeto da avenida perimetral da margem direita do porto de Santos no trecho Alemoa-Saboó. “O caminhão passará por cima e o trem por baixo, permitindo um acesso mais expresso”, explicou o secretário de gestão e infraestrutura da Secretaria de Portos (SEP), Fernando Victor Castanheira. Ele esteve em Santos integrando comitiva de técnicos dos ministérios do Planejamento e Fazenda e da Casa Civil que acompanham o andamento da segunda fase do PA. Santos é o porto que mais receberá investimentos dentro do PAC 2 (2011-2014). São 12 obras estimadas em R$ 1,2 bilhão. “Daqui para frente a grande prioridade serão as obras de acesso. O porto de Santos, até pela sua localização com interface com o município, tem demanda crescente de melhoria na qualidade do acesso para eliminação de conflitos rodoferroviários”, disse o diretor do departamento de infraestrutura para a Copa 2014 da Secretaria do PAC, Guilherme Ramalho. A visita a Santos teve como objetivo acompanhar mais de perto a implantação dos projetos. A ideia é passar a fazer “salas de situação” – uma das etapas do processo de “prestação de contas” dos projetos do PAC ao governo – in loco. Segundo Ramalho, o saldo da comitiva foi “bastante positivo”. Hoje, apenas 1% dos contêineres que acessam o porto de Santos chegam via ferrovia. Em 2011, Santos escoou 2,9 milhões de Teus (contêineres de 20 pés). Quando os dois novos terminais para movimentação desse tipo de carga entrarem em pleno funcionamento, a partir de 2014, esse número deve pelo menos dobrar, o que impõe a necessidade de equilibrar a matriz de transporte urgentemente. Na próxima quarta-feira representantes da SEP, da Codesp, do governo do Estado de São Paulo e da Rede Ferroviária Federal se reúnem em Brasília para debater soluções no acesso ao porto. “Nós sozinhos não conseguimos resolver. Não adianta dragar o porto se a carga não consegue chegar nem sair”, afirma o presidente da Codesp, José Roberto Serra. Do R$ 1,2 bilhão do PAC 2, pelo menos R$ 400 milhões (33%) deverão ser aplicados ainda neste ano. Até o fim de 2014 a execução deverá chegar a R$ 1 bilhão, estima Serra. A dragagem do canal de navegação para 15 metros – que consta do PAC 2 – está em fase final, resta agora aprofundar os berços de atracação. “Hoje temos a Santos Brasil, o TGG, o Tecondi, a Cargill, e um berço na Ponta da Praia com estaqueamento pronto para começarmos a dragar. A dragagem concluída potencializará grandes terminais no porto de Santos”, disse Serra. Os demais berços de atracação demandam investimentos de reforço, antes do aprofundamento, já previstos no PAC 2. “Temos de fazer por etapas para não parar o porto”, afirmou Serra. Numa segunda fase, o aprofundamento rebaixará o canal externo para 17 metros e o interno para 16 metros. Também está previsto o alargamento do canal para 250 metros. Com as novas dimensões, Santos poderá ter tráfego duplo de navios e receber embarcações de até 355 metros de extensão com calado de 14,7 metros. A nova estrutura possibilitará um ganho mínimo de 10% de produtividade ao permitir a operação de navios maiores. “Estamos falando de todo e qualquer navio pós-panamax no caso de contêiner, fundamentalmente”, destacou Serra. Para os navios que transportam granéis (sólido e líquido) os 15 metros são suficientes, disse. (Fonte: Valor Econômico)

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