Indústria quer manter Mercosul com ‘ajustes’

Com o desempenho frustrante das exportações brasileiras de manufaturados nos primeiros meses do ano, a discussão de uma agenda para ampliar os acordos bilaterais ganha mais força e revela diferenças sobre o Mercosul entre entidades que representam a indústria. A divergência pode ser vista dentro da própria Fiesp. A entidade está lançando um documento em que diz que é “um falso problema” a ideia de que a participação do Brasil no Mercosul é um impeditivo para a realização de acordos preferenciais de comércio. A federação defende que o Brasil precisa liderar a definição dos países com os quais o bloco deve iniciar negociações de acordos.

Essa não foi, porém, a posição da Fiesp que veio a público durante muito tempo. O diretor de comércio exterior da federação, Roberto Giannetti, jádeclarou que o Mercosul, como união aduaneira, cria uma “camisa de força” por impedir o Brasil de assinar acordos sem a anuência dos demais membros do bloco. Ele chegou a defender a transformação do Mercosul em área de livre comércio. O Iedi também tem sido mais crítico. Em estudo recente, a entidade observou que “o Mercosul e os demais países da América Latina são insuficientes para garantir o volume das exportações brasileiras e as novas cadeias de valor que se formam através dos blocos econômicos não contam com a presença do Brasil. Desse modo, mostra-se a necessidade de o Brasil buscar novos parceiros preferenciais de comércio.” Procurados, os dirigentes da entidade não se manifestaram. O Mercosul, para o Brasil, perdeu fôlego. Enquanto a corrente de comércio com Argentina, Uruguai e Paraguai cresceu 158% entre 2003 e 2007, com o superávit saindo de quase zero para US$ 5,7 bilhões, nos cinco anos seguintes a corrente de comércio do país com o bloco cresceu só 14%. O saldo positivo, por sua vez, encolheu 51% segundo dados da Secex. José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), tem opinião semelhante. “Numa área de livre comércio os países poderiam se beneficiar de reduções tarifárias entre si, mas cada um teria independência para celebrar acordos”, defende. “O problema do Mercosul é a necessidade da anuência de todos. O Mercosul é o Confaz do comércio exterior”, compara. (Veja a matéria no site – Fonte: Valor Econômico)

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