Investimento no exterior ganha relevância em ambiente adverso


Com os ativos brasileiros perdendo valor ao longo do ano, ficando atrás inclusive da inflação, o mercado externo ganha especial atenção de gestores de recursos não só como alternativa de diversificação para minimizar perdas como para obter ganhos reais daqui para frente. Em 2013, por exemplo, enquanto o Ibovespa amarga prejuízo superior a 15%, o S&P 500, da bolsa americana, sobe 15%. Por se tratar de um ativo em dólar, o aplicador ainda ganha um adicional de cerca de 5% por conta da valorização da moeda americana. No total, o retorno de uma aplicação no S&P, em reais, supera os 21%.É nesse potencial de ganho real que os gestores estão de olho.

Na visão de Marcelo Giufrida, presidente da BNP Paribas Asset Management Brasil, investir em ativos lá fora passa a ser mandatório para quem busca retornos que superem a inflação sem que isso signifique aumento excessivo de volatilidade. Quando a bolsa brasileira cai, o real se desvaloriza, o que significa que esses ativos andam em direções opostas e o investimento no exterior, em moeda americana, pode funcionar bem como diversificação, ressalta o executivo.Segundo ele, por conta do efeito do câmbio, a volatilidade do S&P, em reais, é menor do que em dólares e do que o índice da bolsa local. Cálculos da BNP Paribas mostram que a volatilidade do Ibovespa foi de 31,23%, em termos anualizados, no período de janeiro de 2008 a abril de 2013. Já a volatilidade do índice S&P, em dólar, ficou em 25,44% e, em reais, 21,14%. “Comprar bolsa americana do Brasil é menos arriscado do que parece”, afirma.E hoje, na visão de Giufrida, esta é uma importante alternativa para obter ganhos de dois dígitos tanto para o investidor individual, que vem perdendo seu poder de compra e ainda tem um imposto de renda que pesa sobre o rendimento, quanto para as fundações, cujas metas atuariais giram entre 4% e 6% mais inflação – o que equivale a 200% do CDI.

Na Schroders Investment Management, a necessidade de flexibilizar as regras de investimento no exterior para os aplicadores locais também tem concentrado as atenções, apontam John Troiano, chefe global de negócios institucionais, e Eduardo Mendes, que chefia a asset no país. “O Brasil é curioso, pois em muitos lugares simplesmente não se pode investir em ativos no exterior e ponto. Aqui, criaram formas de permitir isso, mas na prática fica tão complicado que muitas vezes acaba não ocorrendo”, diz Troiano. Ele refere-se sobretudo aos grandes investidores institucionais, como fundos de pensão. Hoje, os fundos de pensão podem alocar até 10% em ativos externos, mas na prática quase não investem lá fora. Os fundos multimercados podem aplicar até 20%, o que já vem sendo explorado por mais casas de gestão. Os fundos que podem aplicar 100% em ativos externos exigem aporte individual de pelo menos R$ 1 milhão. “Os fundos de previdência do tipo PGBLs e VGBLs não podem aplicar nada, isso é um grande fator limitador”, afirma Troiano. (Veja a matéria no site – Fonte: Valor Econômico)


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