Levy “quer nosso pescoço?” , questiona presidente da CNI



Por Sergio Lamucci

“Ele teve R$ 70 bilhões de cortes. Queria mais? Quer o nosso pescoço agora?”, questionou ontem o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, ao ser perguntado sobre a suposta insatisfação do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em relação ao apoio do governo ao ajuste fiscal. “Isso fora o aumento de receitas”, disse Andrade, em conversa com jornalistas brasileiros na Cidade do México, onde acompanha a visita da presidente Dilma Rousseff, lembrando que, além das reduções de gastos do orçamento, o ajuste fiscal promovido pelo ministro inclui também a elevação de impostos. Na sexta­-feira, Levy não compareceu ao anúncio do plano de contingenciamento de despesas, de R$ 69,9 bilhões. Disse estar gripado, mas é possível que a ausência se deva ao descontentamento do ministro com o tamanho do corte e ao tom da divulgação. As informações são de que Levy defendia uma redução de R$ 70 bilhões a R$ 80 bilhões, e preferiria um anúncio menos otimista. O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, fez a apresentação dos cortes. A ausência de Levy levou o mercado a discutir a eventual saída do ministro do governo.

Em entrevista ontem ao lado do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, Levy desmentiu os problemas. Reportagem do Valor publicada na edição de ontem, porém, afirma que ele esperava mais apoio do governo. Também a edição de ontem do Valor informa que Barbosa e Levy discordam sobre como fazer o ajuste. O ministro da Fazenda quer corte de gastos, enquanto o do Planejamento prefere aumento de impostos, uma bandeira que agrada ao PT. Uma parcela do partido da presidente Dilma Rousseff tem criticado Levy. Questionado qual estratégia preferia, Andrade disse ser favorável a corte de gastos, mas não de investimentos. Ao falar da possibilidade de aumentos de impostos, o presidente da CNI disse que a indústria e a sociedade não aguentam pagar novos tributos. “Não dá para pagar mais. Chega.” Em visita de Estado ao México, a presidente Dilma teve ontem um almoço com líderes empresariais brasileiros. Além de Andrade, estiveram presentes o presidente do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, o vice­presidente da Gerdau, André Reinaux, o presidente da JBS na América do Norte, André Nogueira, e o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel. A CNI e a sua equivalente mexicana, a COMCE, assinaram um documento recomendando que os dois governos ampliem o atual acordo de reduções tarifárias, que inclui cerca de 800 produtos, adotando medidas para estabelecer uma gradual e consistente liberalização comercial entre os dois países. A ideia da CNI é que todos os 800 produtos tenham tarifa zero ­ hoje são 45% ­ e se incluam novos produtos na lista de preferências tarifárias. Hoje, 4.800 produtos não têm preferência tarifária.

Fonte: Valor

Comments

Open chat
Como posso te ajudar?