Morgan Stanley aponta o Brasil como o emergente mais vulnerável



FERNANDO NAKAGAWA,

Para banco americano, País enfrenta riscos por causa dos problemas internos, da possibilidade de alta dos juros nos EUA e da desaceleração na China; outros bancos também colocam o País entre os mais frágeis, ao lado de Indonésia, México, Turquia e África

A vulnerabilidade dos países emergentes volta a ser tema para os investidores internacionais, e o Brasil aparece na análise do banco Morgan Stanley como o mais frágil dentre os grandes emergentes. Vários bancos têm emitido alertas sobre as economias que enfrentam problemas internos e dependência de dinheiro estrangeiro. A recente disparada do dólar é um sinal do fenômeno. O novo grupo sob o foco do mercado se parece muito com os “cinco frágeis” de 2013 e conta, além do Brasil, com a África do Sul, Indonésia, México e Turquia.

Economistas apontam que alguns dos grandes países em desenvolvimento enfrentam um novo momento econômico delicado em meio a uma onda de incerteza e maior vulnerabilidade. O grupo tem como pano de fundo quatro elementos principais: o dólar forte e expectativa de alta do juro nos Estados Unidos; o aumento excessivo do endividamento do setor privado; a expectativa de desaceleração na China; e a falta de reformas estruturais domésticas.

“O momento da deflação diminuiu e todas as economias do G-3 – Estados Unidos, Europa e Japão – estão mostrando uma guinada em direção ao crescimento. Como resultado, os rendimentos da dívida dos EUA e o dólar estão subindo. Essa é uma combinação que pode ser difícil de ser lidada pelas economias emergentes”, dizem os analistas Manoj Pradhan e Patryk Drozdzik, do Morgan Stanley.

Em Londres, os economistas do banco citam que cinco países estão no grupo dos mais vulneráveis: Brasil, Indonésia, México, África do Sul e Turquia – nessa ordem. “Nosso mapeamento dos fundamentos indica países onde a exposição ao exterior é maior e nós pedimos atenção especial para o Brasil”, destacam.

Em Paris, o banco Societé Generale listou um grupo parecido: Brasil, México, Turquia e África do Sul. No grupo, o banco aponta o real brasileiro e também o peso mexicano como os mais vulneráveis à subida do dólar e do juro nos EUA. Em Zurique, o chefe de investimento global do UBS, Mark Haefele, divulgou análise coincidente e cita Brasil, Indonésia, África do Sul e Turquia como os países mais vulneráveis.

O Brasil é, por enquanto, o país que mais sofreu com essa nova onda de desconfiança, e o real é a moeda do grupo dos vulneráveis que mais caiu. Apenas em março, o dólar ficou 9,35% mais caro em relação à moeda brasileira. Entre as demais economias, a divisa dos EUA subiu 5,9% na África do Sul, 4,7% na Turquia, 4,4% no México e 2% na Indonésia. No ano, a alta chega a 17% no Brasil e a 13% na Turquia.

Analistas dizem que o Brasil parece mais frágil porque, além dos fatores externos comuns ao grupo, a situação interna é ainda mais complicada. Em Estocolmo, o banco SEB resumiu o quadro ao afirmar que a “caixa de Pandora” foi aberta no Brasil. “A tendência de queda do real continuará diante do fraco crescimento econômico, expectativa de juro maior nos EUA, aperto na política fiscal e monetária, risco de racionamento elétrico e rebaixamento de rating, corrupção e preocupação sobre a capacidade do governo de consolidar as contas públicas, além da maior seca em 80 anos”, resume a analista Louise Valentin.

Esse alinhamento de problemas também é apontado pelo Morgan Stanley. “O Brasil parece ser a única economia que recebe influência dos três elementos de contágio aos emergentes”, dizem os economistas. Os três fatores são: alta do juro nos EUA, desaceleração da China e os problemas internos.

Cinco frágeis. A lista citada pelos três bancos europeus é bem semelhante à vista em meados de 2013, quando o mesmo Morgan Stanley cunhou a expressão “cinco frágeis” para Turquia, Brasil, Índia, África do Sul e Indonésia. A única diferença atual é a saída da Índia e a substituição pelo México.

Quando o termo “cinco frágeis” surgiu, o governo brasileiro reagiu com veemência e rechaçou o título com uma série de dados e explicações. Procurado, o Ministério da Fazenda preferiu não comentar.

Fonte: Estadão

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