Novas embalagens reduzem custos

Por Décio Viotto | Para o Valor Econômico, de São Paulo

Um dos principais atributos da embalagem, que é despertar o desejo de compra do consumidor, continua valendo quase como um verso bíblico, porém o que está se tornando sagrado nessa história é a busca da preservação do meio ambiente a partir da diminuição do custo ambiental. Experiências realizadas por companhias como Walmart, Embaquim e Brasil Foods demonstram que é possível trabalhar com tecnologia verde, produtos de qualidade e preços acessíveis. “É perfeitamente viável”, confirma Felipe Antunes, gerente de sustentabilidade do Walmart Brasil e um dos responsáveis pelo Projeto Ponta a Ponta, que agrupou o lançamento de 13 produtos sustentáveis.
O ciclo de implantação levou, em média, 18 meses. No caso da linha de aveias Sentir Bem, produzida em parceria com a Nat Cereais de Lagoa Vermelha (RS), foi pensado na forma de produção, com o plantio direto, que aumenta a produtividade por hectare e reduz os impactos de erosão do solo. As cascas da aveia, que antes eram descartadas e se decompunham gerando gás metano, passaram a ser usadas como ingrediente de ração animal, cama de aviário e combustível da caldeira.
O passo seguinte foi examinar a embalagem. “Foi possível reduzir o peso e a utilização do papel sem que a embalagem perdesse sua função protetora”, diz Antunes. As caixinhas utilizam menos 10% de massa de celulose num ganho anual de 1,5 tonelada. O número transportado por palete, passou de 80 para 100 caixas, reduzindo as viagens da fábrica ao Walmart. E as embalagens receberam orientações úteis sobre sustentabilidade e descarte, “para integrar o consumidor final ao processo e estimular o consumo consciente.”
Em sua quinta geração, a embalagem Bag Octogonal Bolha, com capacidade para mil litros, está proporcionando uma solução para o problemático transporte de produtos químicos em longas distâncias. Bags de mil litros de duas camadas costumam apresentar vazamentos, provocados pelo efeito onda da carga líquida. A degradação da embalagem aumenta com as péssimas condições das estradas brasileiras. De acordo com Eduardo Casale, gerente comercial da Embaquim, “neste cenário, a embalagem sofre”. Uma opção seria utilizar bags de exportação, com tripla camada, que custam 50% mais, ou a embalagem desenvolvida pela Embaquim, no formato octogonal. Composta por duas camadas inferiores e duas superiores de filme de PEBD (polietileno de baixa densidade), bocais para envase e desenvase e uma camada superior de plástico bolha, que evita o contato direto da bag com a caixa e impede os micro furos. O segredo está na solda octogonal feita em uma máquina desenvolvida para a fabricação desta embalagem. “É uma solda de três estágios, que precisa vencer filmes com espessuras diferentes”, diz Casale. O papelão usado na embalagem pode ser vendido como sucata e a bolha, dependendo do produto envasado, pode ser reciclada ou incinerada.
Menos complexa, mas não menos eficiente, foi a transformação que sofreu a embalagem da linguiça calabresa Perdigão. O filme termoencolhível com etiqueta autoadesiva, baixava a produtividade em linha e exigia muita mão de obra, além de não diferenciar o produto nos pontos de venda. Foi substituído por um filme termoencolhível com corte curvo, que acompanha o formato do produto. Com isso, destacam Álvaro Azanha, gerente P&D Embalagens, e Jair Fernandes, coordenador P&D Embalagens Flexíveis, além do valor agregado, houve aumento de 50% na produtividade, economia de 8 toneladas de papelão por ano, redução de 35% no transporte e 25% do custo logístico. As embalagens que pesavam 7,2 gramas passaram para 5,2 gramas.

Comments

Open chat
Como posso te ajudar?