Núcleos unem academia e indústria

Em operação desde 2013, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) trouxe nova dinâmica na transferência de conhecimento da academia para a indústria. Faz importante ponte entre os centros de pesquisa e iniciativa privada e ainda oferece solução financeira, sem burocracia. Pelo modelo, a Embrapii banca um terço do projeto de inovação, a empresa e o instituto de pesquisa envolvidos dividem o restante do orçamento. “A contratação acontece de forma rápida e fácil”, diz Flávia Motta, coordenadora de planejamento e negócios do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo.

Na prática, as unidades Embrapii ­ como são chamados os institutos e centros de pesquisa que compõem a rede da entidade ­ funcionam como núcleos de inovação tecnológica, ou NITs, de universidades públicas e privadas. Essas estruturas buscam empresas interessadas no que está sendo desenvolvido em bancadas e também atendem a demandas específicas. Além de prospectar bons projetos, as unidades cuidam de questões como pedidos de patentes, formatação dos contratos etc. “Ficou mais fácil para as empresas”, explica Flávia.

Segundo ela, a inovação é um movimento sem volta e as corporações buscam estruturas capazes de auxiliá­las neste movimento. “Estamos vivendo um momento comparável ao da qualidade nos anos 1980, quando os empresários perceberam que não haveria negócio sem certificação ou processo capaz de garantir bons padrões para seus produtos”, diz. O IPT avalia e busca projetos em empresas de todos os portes. Para quem não tem um centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D), a parceira com uma unidade Embrapii é altamente vantajosa. “É possível investir por projeto, sem ampliar custos fixos. O empresário mantém o foco em sua atividade fim e ainda aplica em inovação”, explica Flávia.

O modelo abre as portas do P&D para empresas de pequeno e médio porte. No IPT, acostumado a trabalhar com ciência aplicada à indústria, a carteira de projetos financiados em parceira cresce. Desde o início das operações da Embrapii, 22 contratos de P&D foram celebrados entre o IPT e empresas. Ao todo, contabiliza Flávia, os recursos somam R$ 60 milhões. Em 2015, a procura continua. Os processos de análise apenas estão mais longos. A cautela é reflexo da crise. “Há um esforço das empresas para manter suas metas e assinar os contratos em negociação”, afirma Flávia.

Segundo Jorge Almeida Guimarães, diretor­presidente da Embrapii, em seis anos, a entidade tem orçamento de R$ 1,5 bilhão para investir em projetos de inovação na indústria. Guimarães afirma que os recursos ­ vindos dos ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação ­ estão garantidos, não sofrerão cortes. Como a Embrapii arca com um terço do projeto, a capacidade de alavancagem é de três para um. Ou seja, neste período, a entidade deve agrupar recursos na casa dos R$ 4,5 bilhões. “Os resultados dos primeiros projetos começarão a aparecer agora. Isso animará as empresas”, completa Flávia. Outra vertente que cresce nos projetos é a transferência tecnológica ­ processo importante para adensar a inovação nas cadeias produtivas.

Flávia conta que tecnologias estudadas e desenvolvidas por grandes empresas estão sendo repassadas para a rede de fornecedores, criando padrões de alta qualidade em diferentes setores. “Nesses processos, os ganhos de produtividade e competitividade são incríveis”, destaca. As alianças entre empresas de um mesmo setor também são contempladas pela Embrapii.

Entre as celebradas, está o projeto cooperativo de nanoencapsulação de ativos cosméticos, realizado pelo IPT em parceira com o Instituto de Tecnologia e Estudos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Itehpec) e as empresas Natura, Grupo Boticário, Theraskin Farmacêutica e Yamá. Como resultado, foram desenvolvidas duas rotas de nanoencapsualção, utilizadas pelos parceiros ­ de forma isolada e sigilosa ­ na criação de ativos cosméticos.

Fonte: Valor Econômico

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