Para Cepal, UE e Mercosul têm que ceder para fazer acordo


Principal obstáculo ao tratado comercial entre os dois blocos é a questão agrícola Os países do Mercosul e da União Européia(UE) têm que ceder se quiserem selar um acordo comercial, afirmou ontem a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcenas. “Dos dois lados é preciso ceder”, disse Bárcenas em Bruxelas, antes da cúpula de amanhã e quinta-feira entre a Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe (Celac) e a UE.

Os chanceleres da UE e do Mercosul terão um encontro à margem da cúpula UECelac, na quinta-feira,em Bruxelas. Será a primeira reunião ministerial dos dois blocos em mais de dois anos, que buscará destravar um tratado de livre comércio que enfrentou obstáculos por mais de uma década.

A secretária-executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) explicou que o principal obstáculo ao acordo é o tema agrícola. Bárcenas disse que a UE “não é uma economia aberta” e que o que são assinados não são tratados de livre comércio, já que “há um monte de condições”, mas de “associação estratégica”.

Ela citou como exemplo as exportações de cacau do Equador, que acaba de selar um tratado com a UE para se incorporar ao Acordo Comercial Multipartes que Colômbia e Peru já assinaram com a Europa. As exportações desta matéria-prima ingressam sem impostos na UE, as quando se trata do produto elaborado, a taxa chega a 15%. Segundo ela, estes acordos são benéficos para a região se levarem à incorporação de valor agregado à produção regional.

“O que interessa à UE é penetrar nos mercados do Mercosul com seus serviços, suas empresas, baixos impostos. Mas do lado de cá têm que ceder”, afirmou.

A região coberta pela Cepal deve “diversificar sua estrutura produtiva, articular cadeias produtivas de valor dentro da região” através de maior integração.

A dinâmica comercial da Europa com a América do Sul foi prejudicada com a crise econômica e os problemas internos do Mercosul, afetado por medidas unilaterais de seus sócios.

Hoje, para um dos atores-chave destas conversações – o Brasil, uma potência agropecuária e um gigantesco mercado importador para a UE – a situação econômica mudou para pior.

A intenção de Brasília é avançar na direção de acordos comerciais que permitam ao país melhorar suas exportações em um contexto de retração contínua. Além do Brasil, o Uruguai, que sofre contínua queda de exportações, também tem a intenção de firmar o acordo.

“Estamos preparados para concluí-lo (o acordo) já. Se algum outro país quiser mais tempo, que o assine posteriormente”, disse o presidente uruguaio Tabaré Vázquez, fazendo uma referência à Argentina, sem, no entanto, ter citado o país explicitamente. Brasil e Uruguai promovem uma forte campanha para flexibilizar o Mercosul e permitir que seus sócios busquem acordos comerciais sem precisar de autorização dos demais.

Em uma entrevista exclusiva à TV France 24, na segunda-feira, a presidenta Dilma Rousseff disse que o Brasil não pretende assinar nenhum acordo em separado. “Tanto o Brasil quanto a UE têm a mesma regra de flexibilidade.

O que é possível é fazer um acordo diferenciado com países”, afirmou. O ponto mais complicado das negociações que visam um acordo entre UE e Mercosul é o que se refere ao comércio e investimentos, o que inclui sanções tarifárias. Segundo a Cepal, as vendas do Mercosul para a UE representam 50% do total enviado pela

América Latina e do Caribe para a Europa. Desse total, 80% das exportações vêm de Brasil. O Mercosul absorveu 46% das exportações europeias para o região. A UE e a região da Celac – com 61 países – somam 1,1 bilhão de habitantes e correspondem a um terço dos membros das Nações Unidas. Ontem, os ministros das Relações Exteriores da UE e da Celac realizaram uma reunião preparatória, em Bruxelas, na qual a crise política na Venezuela dividiu os dois blocos. A Celac propôs, mas com poucas chances de aceitação por parte da UE, um parágrafo na declaração, que será divulgada no final da cúpula, de condenação às declarações dos Estados Unidos, que qualificou o país governador por Nicolás Maduro de “uma ameaça à segurança” .


Os chanceleres da UE e do Mercosul terão um encontro à margem da cúpula UE-Celac, na quinta-feira. A reunião buscará um tratado de livre comércio que enfrentou obstáculos por mais de 10 anos.

Alicia Bárcenas, secretária- executiva da Cepal, afirmou que os dois lados (União Européia e Mercosul) precisam ceder para obterem um acordo de livre comércio.

Fonte : Brasil Econômico – 10 de junho de 2015


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