Pedaladas Fiscais



TCU conclui que as chamadas “pedaladas fiscais” melhoraram artificialmente os resultados das contas do governo.

»   Bacen deverá refazer o cálculo do resultado primário

»   Tribunal dá prazo de 30 dias para integrantes do governo prestarem informações sobre as irregularidades nas contas

O que houve?

Os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) aprovaram, hoje (15/04), o relatório do ministro José Múcio que concluiu que o governo adiou irregularmente repasses de recursos do Tesouro Nacional para bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa e BNDES), com o objetivo de melhorar artificialmente o resultado das contas públicas.

“Não há dúvidas de que houve uso indevido do dinheiro público”, declarou o ministro José Múcio.

Os atrasos nos repasses ocorreram em despesas sociais, trabalhistas e previdenciárias, como bolsa família, seguro-desemprego, abono salarial, Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), Programa de Sustentação do Investimento (PSI), entre outros. Os bancos foram obrigados a honrar despesas da União com recursos próprios, caracterizando empréstimo da instituição controlada para o controlador, o que é vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Além disso, de acordo com o relatório do tribunal, as dívidas com os bancos “não estavam sendo computadas na Dívida Líquida do Setor Público”, que serve de base para a avaliação do cumprimento, pelo governo, das metas fiscais estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

A chamada “pedalada fiscal”

O governo segurava o pagamento aos bancos para poder registrar gastos públicos menores. Assim, conseguia melhorar artificialmente as suas contas, chegando mais perto da meta de superávit primário (economia feita para o pagamento dos juros da dívida pública). Esta operação é considerada irregular, pois fere a LRF.

Gestores que serão ouvidos sobre os atrasos de repasses identificados pelo TCU:

O tribunal estipulou um prazo de 30 dias para que vários integrantes do governo prestem esclarecimentos sobre as pedaladas. Seguem os nomes e os cargos que ocupavam à época:

1)     Arno Hugo Augustin Filho – Secretário do Tesouro Nacional;

2)     Marcus Pereira Aucélio – Subsecretário de Política Fiscal da Secretaria do Tesouro Nacional;

3)     Marcelo Pereira de Amorim – Coordenador-Geral de Programação Financeira da Secretaria do Tesouro Nacional;

4)     Jorge Fontes Hereda – Presidente da Caixa Econômica Federal;

5)     Tereza Helena Gabrielli Barreto Campello – Ministra de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

6)     Manoel Dias – Ministro de Estado do Trabalho e Emprego

7)     Gilberto Magalhães Occhi – Ministro de Estado das Cidades

8)     Carlos Antonio Vieira Fernandes – Secretário Executivo do Ministério das Cidades; e

9)     Laércio Roberto Lemos de Souza – Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração do Ministério das Cidades

10)  Guido Mantega – Ministro de Estado da Fazenda

11)  Nelson Henrique Barbosa Filho – Ministro de Estado da Fazenda

12)  Dyogo Henrique de Oliveira – Ministro de Estado da Fazenda interino

13)  Adriano Pereira de Paula – Coordenador-Geral de Operações de Crédito do Tesouro Nacional

14)  Luciano Coutinho – Presidente do BNDES

15)  Lindolfo Neto de Oliveira Sales – Presidente do Instituto Nacional do Seguro Social

16)  Aldemir Bendine – Presidente do Banco do Brasil

17)  Alexandre Antônio Tombini – Presidente do Banco Central do Brasil

18)  Tulio José Lenti Maciel – Chefe do Departamento Econômico do Banco Central do Brasil

Crime de Responsabilidade Fiscal

Como é vedado ao TCU analisar crimes, o órgão determinou o repasse dos dados da auditoria ao Ministério Público Federal, para que o órgão adote as medidas necessárias.

O crime de responsabilidade pode resultar em perda do cargo por até cinco anos e pagamento de multa. Além disso, os responsáveis podem ter que responder por ato de improbidade, que prevê a devolução dos recursos que tenham sido desviados.

Volume de recursos fiscalizados

R$ 1,17 trilhão de reais, correspondente ao montante da dívida interna líquida do Governo Federal no final de outubro de 2014.

Órgãos fiscalizados:

  • Banco Central do Brasil (Bacen)
  • Secretaria do Tesouro Nacional (STN),
  • Caixa Econômica Federal (CAIXA),
  • Banco do Brasil S.A. (BB),
  • Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
  • Ministério do Trabalho e Emprego (MTE),
  • Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),
  • Ministério das Cidades (CIDADES)
  • Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

CONCLUSÃO:

De acordo com os auditores da corte, os atrasos nos repasses, e a não contabilização das dívidas com os bancos públicos, contribuíram para “maquiar as contas públicas”, que pelos cálculos do TCU, cerca de R$ 40 bilhões foram manipulados no período analisado (2013/2014).

Fonte: Patri Políticas Públicas

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