Protetor solar: mitos e verdades

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Brasil tem níveis extremos de incidência de radiação UV. Mesmo com o crescimento da conscientização da população sobre a importância do uso de protetor solar e os riscos de câncer de pele, ainda existem alguns mitos que rondam o tema. Para esclarecê-los, pedimos a três médicos especialistas no assunto para confirmar ou corrigir afirmações que costumam ser feitas sobre protetor solar. Confira:

“No mormaço, o uso é dispensável”

MITO. Aquele dia abafado, sem sol, mas ainda assim quente, exige que você aplique protetor solar, sim. “A nebulosidade não consegue bloquear os raios solares por completo e deixa passar raios UVA e UVB”, explica a dermatologista Karla Assed, do Rio de Janeiro, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da American Academy of Dermatology.

“Produto protege dos raios UVA e UVB”

VERDADE. O sol emite radiações, sendo que as mais perigosas para a pele são a UVA e a UVB. De acordo com Karla Assed, a radiação UVA penetra mais fundo na pele e uma de suas consequências é o envelhecimento precoce. Já a UVB age de maneira mais superficial e provoca queimaduras e vermelhidão. Ambas possuem relação com o surgimento de câncer, por isso a proteção ampla é importante. Nos rótulos dos produtos, o FPS apontado se refere ao índice de bloqueio UVB. No entanto, de acordo com uma resolução do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), todo protetor solar registrado deve possuir, no mínimo, ⅓ de proteção UVA em relação ao fator de proteção UVB.

“Só é preciso usar no verão”

MITO. Como o Brasil está localizado em uma região entre trópicos, a incidência de radiação UV é alta durante o ano todo, independentemente da estação. Um estudo realizado no Rio de Janeiro pela Pesquisa e Inovação da L’Oréal Brasil em parceira com Pesquisadores da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI-MG) mostrou que mesmo em nosso inverno recebemos radiação solar equivalente à do verão europeu. “Filtro solar deve ser usado sempre, faça chuva ou sol, com tempo aberto ou fechado, dentro ou fora de casa”, reitera a dermatologista Dra. Carla Vidal, de São Paulo.

“Brasileiros se cuidam bem no sol”

MITO. Apesar de todos os esforços para a conscientização da população, inclusive com relação aos altos índices de câncer de pele registrados anualmente no Brasil, uma pesquisa recente da Sociedade Brasileira de Dermatologia revelou que mais da metade da população não se protege do sol: 63% das pessoas entrevistadas, em mais de 130 cidades, disseram que não usam filtro solar todos os dias.

“Produto com cor protege mais que o transparente”

VERDADE. Hoje é possível aliar proteção solar com maquiagem. Além da praticidade que isso representa no cotidiano, de acordo com a Dra. Karla Assed, essa combinação protege mais: “Esses produtos possuem pigmentos em sua fórmula que fazem uma barreira física”. Ou seja, além de estar a salvo do sol, a pele também fica protegida da luz artificial das lâmpadas, telas e monitores. “A exposição a esse tipo de luz pode causar manchas, maior oxidação das células e envelhecimento”, afirma Dr. Sergio Schalka, dermatologista coordenador do Consenso de Fotoproteção da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

“Fórmulas com antioxidante oferecem mais proteção”

MITO. “Antioxidantes atuam no combate ao envelhecimento da pele e não na sua proteção. Quando falamos em proteção solar pensamos em FPS”, diz a Dra. Carla Vidal. A presença de antioxidantes na fórmula do filtro solar não vai fazer com que sua proteção aos raios UV seja maior, mas atenua algumas consequências danosas. A Dra. Karla Assed complementa: “A radiação solar é responsável por boa parte do envelhecimento da pele, uma vez que a exposição ao sol gera radicais livres que aceleram esse processo das células. O protetor solar faz um bloqueio externo contra essa radiação, já os antioxidantes agem internamente combatendo o envelhecimento causados pelos radicais livres”.

“Protetor Solar é cosmético”

VERDADE. De acordo com a Resolução nº 30 de, 1º de junho de 2012, que aprova o Regulamento Técnico Mercosul sobre Protetores Solares em Cosméticos, protetor solar significa “qualquer preparação cosmética destinada a entrar em contato com a pele e lábios, com a finalidade exclusiva ou principal de protegê-la contra a radiação UVB e UVA, absorvendo, dispersando ou refletindo a radiação”.

Fonte: Plataforma da ABIHPEC no Estadão – Cuidar do Brasil é Essencial

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