Qualificação no mercado de beleza

SÃO PAULO – A crescente demanda na área de beleza nos últimos anos movimentou esse mercado, cujos serviços incorporam com maior velocidade novas técnicas e formatos de negócios, além da formalização estimulada pela criação da figura jurídica do Microempreendedor Individual (MEI), em 2009. Em cinco anos, o número de MEIs saiu de 72,3 mil para perto de 483 mil. Pelos dados do Sebrae Nacional, são cerca de 530 mil MEIs, microempresas e empresas de pequeno porte atuando em diferentes segmentos do setor, ante 113 mil em 2010. E, apesar da retração econômica, a previsão é de que a área sofrerá menos. “Pode não manter a mesma velocidade, mas continuará crescendo, porque está ligada à questão do bem-estar, valor que a sociedade moderna já incorporou”, afirma a gerente adjunta da unidade de Atendimento Coletivo-Serviços do Sebrae, Ana Clévia Guerreiro Lima.

As oportunidades criadas nesse mercado e a necessidade de atualização refletem na busca por qualificação profissional. No Instituto Embelleze a projeção é de encerrar o ano com alta de 10% e 220 mil alunos certificados. Novos cursos são lançados com frequência, acompanhando o avanço das técnicas, e atendem demandas dos salões de beleza, que ampliam os serviços, e dos negócios especializados, que se multiplicam pelo país, como esmalterias, novos formatos de barbearia e design de sobrancelhas, informa a gestora pedagógica do Embelleze, Marília Saveri.  Assim, entre as opções mais recentes estão o curso de sobrancelhas com a técnica da linha egípcia, que dá agilidade ao processo, o de alongamento de unhas e o de massagem relaxante, um novo segmento para o instituto.

Há pouco mais de um ano foi criado ainda o curso de barbearia, primeiro para o púbico masculino, que já soma 30 mil alunos. “São trabalhadores de diferentes atividades que desejam ter um negócio próprio e destacam a flexibilidade para poderem ir, por exemplo, nas reuniões da escola dos filhos”, conta Marília. “Esta é uma área que cresce em época de crise como opção de renda”, diz.  O Embelleze tem 360 escolas espalhadas pelo Brasil por meio de franquias e outras 30 devem ser abertas neste ano.

“Faltam profissionais no país”, afirma o diretor do Instituto L’Oréal Professionnel (LP), Richard Klevenhusen. Foi o que motivou a criação do instituto há cinco anos, uma iniciativa local que começa a ser replicada em outras filiais. O executivo avalia que o mercado de beleza no país ainda vai melhorar muito com o estabelecimento de normas técnicas e boas práticas, que vêm sendo desenvolvidas pelo Sebrae em conjunto com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e a Anvisa.  O primeiro passo é estabelecer uma nomenclatura comum, informa Ana Clévia.

O Instituto LP tem hoje sete unidades, entre próprias e franquias, outras quatro devem ser abertas neste ano, e mantém a meta de ter 20 franquias até 2017. Desde 2011, atendeu 6,8 mil alunos no curso de formação de cabeleireiros e em especializações, como visagismo. E, além de trazer profissionais renomados ao país, leva os interessados para cursos em Paris. Uma pesquisa com ex-alunos mostrou que 79% trabalham na área e, mesmo com a crise, o número de candidatos aumentou 48% em junho sobre junho de 2014, considerando mesmas escolas. O Senac também registra crescimento de  41% nas inscrições no primeiro semestre deste ano,  ante igual período de 2014, segundo  a coordenadora de moda e beleza do Senac São Paulo, Tatiana Putti. Os cursos mais procurados são de maquiador e de design de sobrancelhas.

Ana Clévia diz que o posicionamento mercadológico desse negócio mudou, o profissional hoje é um consultor que indica o melhor corte de acordo com o rosto, a cor de esmalte para o verão, as tendências.

O mercado brasileiro de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos é o terceiro maior do mundo, com US$ 43,3 bilhões em vendas ao consumidor, segundo o Euromonitor. Fica atrás apenas de Estados Unidos e China. A indústria local registrou crescimento médio anual de 10% nos últimos 19 anos, passando de um faturamento de R$ 4,9 bilhões em 1996 para R$ 43,2 bilhões em 2014, de acordo com a Associação Brasileira de Produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).

Fonte: DCI – Por Rita Karam

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