Sonhos que a venda direta realiza

Modern African American businesswoman is smiling while looking at the camera. She is wearing a blazer and holding a clipboard with order forms. Professional woman is hosting a direct sales party at home. Friends and customers are shopping at jewelry display set up in background.

Em um escritório qualquer, um livreto todo colorido e repleto de produtos circula de mão em mão e as pessoas vão listando seus objetos de desejo. É bem provável que você já tenha presenciado ou participado dessa cena, afinal, no Brasil, mais de 4,3 milhões de pessoas são representantes de alguma empresa que atua com vendas diretas.  Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABVD), esse exército de revendedores movimentou, entre janeiro e setembro de 2016, R$ 29,5 bilhões. O número coloca o Brasil na sexta posição mundial da categoria.

A maior parte dos negócios tem origem nos produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC), segundo a ABEVD. E as mulheres compõem a imensa maioria da força de venda. A parceria entre as empresas do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC) e os empreendedores que atuam nesse ramo remonta à origem das vendas diretas no Brasil, na década de 1950. Desde então, essa tem sido uma opção de renda complementar que proporciona importantes vantagens para as mulheres, como flexibilidade de horário, autonomia e independência – condições especialmente valiosas para quem precisa conciliar a vida profissional com os cuidados com os filhos, por exemplo.

“É uma oportunidade para quem tem espírito empreendedor, mas não tem possibilidade de fazer grandes investimentos”, afirma Roberta Kuruzu, diretora executiva da ABEVD. Quem opta por atuar como um revendedor muitas vezes encontra na venda direta uma forma não só de conquistar a independência financeira, como de realizar grandes sonhos. A seguir, contamos quatro histórias de sucesso.

De representante a empresária

Adelaide Rodrigues, fundadora da Hinode_cred. Thiago Andrade

Entre os grandes nomes da venda direta de HPPC no Brasil, está uma empresa cuja história tem tudo a ver com o setor. A Hinode, fundada por Adelaide e Francisco Rodrigues, em 1988, surgiu graças à experiência de seus criadores com a venda direta de outras marcas. “Já tínhamos uma ampla rede de revendedores que trabalhava conosco e resolvemos arriscar um negócio com a nossa cara”, afirma Adelaide. Logo no primeiro mês, a empresa não conseguiu dar conta do volume de vendas. “Para mim, foi um sinal de que era um negócio que tinha nascido para ser campeão.” Na época em que criou o empreendimento, Adelaide tinha quase dez anos de experiência com vendas diretas. Seu primeiro contato com o segmento foi em 1979 e desde 1983 representava marcas de produtos de HPPC. “Foi aí que me encantei de vez pela venda direta. Muita gente vê esses produtos como pura vaidade, mas na verdade é algo fundamental para nossa vida e é muito bom contribuir assim com nossos clientes”, diz Adelaide.

Casa, carro, viagens, faculdade…

Jacy Bispo, revedendora Avon_cred Arquivo Pessoal (3)

Revendedora há 9 anos, Jacy Bispo, de 49 anos, vislumbrou a oportunidade de trabalhar com venda direta lendo uma revista. “Vi que uma moça estava fazendo consórcios de cosméticos e, dentre eles, tinha a Avon. Conversei com o meu marido sobre o assunto e ele lembrou que minha sogra também revendia a marca”, conta Jacy.

Crescendo aos poucos na atividade, atualmente Jacy e o marido, Luiz Bispo – também revendedor -, têm como principal fonte de renda a venda direta. Com a revenda dos produtos da marca, eles conseguiram comprar casa, carro, moto e realizar viagens: “O que eu posso dizer da empresa? Foi um diamante que achei, fui lapidando e hoje é tudo para minha família”.

Além de todo o aprendizado e amizades conquistados durante esse período, Jacy se orgulha em mostrar para as pessoas o que a atividade pôde oferecer e servir como um exemplo. “Eu tenho meninas que trabalham comigo que nem sonhavam em fazer uma faculdade. E hoje elas fazem, pagando parte ou toda a mensalidade revendendo os produtos na própria instituição”, diz.

Para Jacy, a venda direta é uma excelente opção de renda. “Ela permite escolher o dia e a hora que consigo trabalhar. Isso é muito importante para uma mulher que tem família para cuidar”, explica a revendedora.

A virada depois de perder o emprego

Márcia Carvalheira, consultora da Natura_cred Arquivo Pessoal

Em 1997, o Brasil vivia um momento de crise econômica. Naquele ano, 9,5% dos trabalhadores brasileiros estavam sem emprego. Entre os desempregados, estava Márcia Carvalheira, na época com pouco mais de 30 anos. “Tentei me recolocar, mas não conseguia nem propostas para ganhar um quarto do meu salário”, afirma. “Foi minha sorte”. Em busca de uma solução, Márcia viu nas vendas diretas uma saída. “Me falaram que se eu trabalhasse em casa e vendesse só para meus parentes já seria uma boa ajuda, mas achei pouco. Não queria uma renda extra, mas uma renda”, conta.

Focada em fazer das vendas diretas o seu sustento, Márcia, que revende produtos de marcas como Natura, começou a oferecer seus produtos em todos os lugares em que ia. De quebra, convenceu muitas amigas a se tornarem revendedores dos produtos que distribuía. Com a receita das vendas, Marcia conseguiu realizar uma porção de sonhos. “Meus filhos puderam estudar em bons colégios e foram aprovados em universidades públicas. Além disso, conheci 20 países e hoje tenho uma casa na praia.” Ao longo dos 20 anos em que Márcia trabalha com venda direta, o setor mudou muito. Mas ela acredita que algo se manteve igual: “Os cosméticos são um dos principais pilares para quem quer ter sucesso na área.”

Lágrimas e apartamento

Vivian Trevizani, revendedora Mary Kay_cred. Arquivo Pessoal

Ao demonstrar uma linha de maquiagem no rosto de uma cliente já idosa, a representante de vendas diretas, Vivian Trevizani, de 36 anos, não conseguiu conter as lágrimas. “Ela estava toda desanimada e até resistiu em testar o produto. Mas quando se olhou no espelho, falou: “Me sinto viva de novo!’”, afirma. Viver situações como essa estava longe dos planos de Vivian quando ela se inscreveu para atuar como revendedora de produtos da marca Mary Kay, em 2013. “Meu objetivo era só comprar produtos com descontos”, lembra.

Na época, Vivian era coordenadora pedagógica de uma escola do sistema Sesi e pretendia seguir carreira na área. Incentivada a fazer uma reunião para apresentar os produtos para algumas amigas, logo viu que as vendas diretas poderiam ser um bom complemento de renda. “Em 11 meses, cheguei à conclusão de que era bem mais que um complemento”, afirma Vivian, que hoje tem uma renda quatro vezes maior do que quando trabalhava como pedagoga. “Consegui comprar um apartamento e ter uma vida muito mais confortável do que conseguiria sem as vendas diretas.”

Fonte: Estadão

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