[:pt]Startups atuam para aproximar inovação do mercado [:]

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Por Sergio Adeodato

É crescente no Brasil o fluxo de capital investido em startups, pequenas empresas nascentes que têm o desenvolvimento e a oferta de soluções inovadoras como raiz do negócio. Estudo da Fundacity, rede global que congrega empresas, fundos, investidores e outros agentes do chamado “ecossistema de inovação” em 151 países, indica que 183 startups brasileiras receberam investimento total de R$ 170,8 milhões no primeiro semestre deste ano, sendo 80% de origem privada, com destaque para as áreas de educação, saúde, internet das coisas e aplicações móveis. “O mais importante capital é o conhecimento”, afirma Taila Lemos, fundadora da Gentros, empresa de biotecnologia direcionada ao mercado de saúde humana, animal e agricultura.

Criada em 2008, a startup encontra­se incubada na Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas, onde pesquisa e produz novas vacinas e kits para diagnóstico de doenças e identificação de organismos geneticamente modificados (OGM). O modelo de negócio consiste em mapear tecnologias desenvolvidas em universidades com potencial de se desenvolver em produto a ser comercializado por grandes empresas do setor, mediante acordo de parceria ou licenciamento. “No passado se questionava a academia quanto a essa relação com o mercado, mas agora os cientistas agradecem quando a pesquisa se transforma em patente”, conta a empresária, integrante da mesa que debateu experiências de diferentes modelos de inovação no seminário Corporate Venture in Brasil. Para ela, o segredo está na abertura para “promover mudanças para adequar produtos às expectativas dos clientes”.

O desafio não está apenas em melhorar o que já existe. “Mas resolver problemas para os quais não existiam solução”, ressalta Gustavo Andrusko, diretor de finanças e operações da AiderNano, empresa que transforma resíduos de serragem da indústria moveleira em nanotubos de carbono para conferir leveza, alta resistência e condutividade elétrica a materiais, além da propriedade magnética para uso como sensores. Desenvolvida em laboratório na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a tecnologia foi repassada à empresa para ganhar escala comercial, na Universidade Estadual de Campinas.

O projeto no curto prazo é criar uma “nanofábrica” no distrito industrial de Vinhedo (SP), de olho em mercados como o de polímeros, construção civil e painéis de energia fotovoltaica, entre as mais de 200 aplicações já mapeadas. Hoje o insumo produzido pela startup é empregado na indústria do surfe para fabricação de pranchas leves e de melhor performance. “A demanda é grande, mas precisamos de capital para ser mais velozes”, revela o diretor executivo, Anderson Santana, com plano de iniciar operações nos Estados Unidos e Portugal e tornar­-se fornecedor de insumos de nanotecnologia, mercado estimado em US$ 1 trilhão, segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Para o impulso, a empresa pleiteia US$ 1,5 milhão de fundos de “venture capital”, projetando atingir faturamento de US$ 13 milhões em até cinco anos.

No campo da saúde e alimentação transita a Myleus, startup mineira dedicada a fazer teste genético para detectar fraudes em produtos de origem animal ou vegetal, tanto in natura como processados industrialmente. “O negócio surgiu depois que pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais detectaram, em 2013, que 70% do pescado vendido em supermercados do Sudeste não correspondia à espécie anunciada”, ressalta a diretora Marcela Drummond. O principal problema estava no bacalhau.

Testes posteriores realizados em Florianópolis na campanha “DNA do pescado” verificaram 24% de fraudes envolvendo os vários tipos de peixe. No mundo, o risco de comprar,gato por lebre na alimentação veio à tona quando a Europa flagrou a existência de carne de cavalo em hambúrgueres, lasanhas e outros produtos, o que levou os países a adotarem fiscalização de rotina com uso de análise genética. Após o episódio que acabou ganhando escala global, a Myleus investiu em novos métodos para teste da carne, em fase final de desenvolvimento.

A empresa já patenteou o processo para detectar leite de vaca em mozarela anunciada como sendo de búfala e agora a intenção é avançar para o controle de fraudes em fitoterápicos, cosméticos e até madeira de lei, cuja procedência ilegal ­ inclusive com o registro de nomes falsos das espécies nos documentos ­ representa metade da produção na Amazônia. Para ganhar capilaridade e atingir esses mercados com demanda potencial em torno de 1 milhão de testes por ano, a empresa planeja investir US$ 1 milhão.

Fonte: Valor

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